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Mostrando postagens de 2007

parte II

- Você é quem cria tudo isso!!! Você cria esses monstros todos na nossa história! De novo eu não queria responder, nem falar, nem concordar, nem nada. Eu já não queria mais nada. A única coisa que eu queria era esquecer. Eu estava cansado e queria esquecer de tudo. - Você não vai falar nada? Não seja covarde Tristan, você sempre faz isso, não é? Você incita brigas e depois nem sabe mais porque! Eu vou embora. Eu abri a porta, continuei calado, e sabia porque. Ela foi embora. Eu pensei que realmente eu fui covarde. Mas sabia porque. Porque cansei de pensar nela e não em mim, cansei de esperar por ela e ela me dizer que não vinha mais, cansei de acreditar, falar, de me entristecer, de me decepcionar nas segundas de manhã... às vezes a vontade vai se perdendo juntamente com o encanto e vice e versa... eu não sabia o que fazer comigo, eu queria que ela ficasse. Eu e meus restolhos, meus tantos eus, ficamos sentindo o perfume dela por algum tempo, e pensei que talvez eu pudesse ligar, ch
E era aquela velha histórinha que ele me dizia... "Você sempre acha que tem razão..." - Se eu acho que tenho razão talvez seja porque eu tenho razão. - Ou não, talvez Tristan, você seja um louco cabeça dura. E ai? Vamos lá ver o pessoal fazer um som? - Não. -Por que? - To fora dessa. Acho que quero ficar sozinho. Preciso muito de mim. - Olha lá hein... não vai ficar se acabando na punheta. - Acho que não. Eu fiquei um tempo no sofá depois que o Joca saiu. Eu me dividi em mil eus, até me achar em cada pedaço. E era assim toda vez que eu achava que estava só. Ia me procurar, e me achava, e cada pedaço era um outro eu e era tão eu como nunca. Alguns meus pedaços eram brilhantes pedaços de espelho no chão. O espelho quebrado a duas semanas ainda estava no chão e eu restolhado nele. O que você pensa quando tem que se libertar? Não pensa, senão não é livre... o pensamento é uma prisão terrível, se pensa não faz, se fizer não pense. E o que se faz quando quer esquecer? Não pensa? Es

Desacordo

- Nem vem pro meu lado porra!!!! Sem essa de me segurar!!!! - Calma Joca, você ta nervoso. - O que você sabe sobre estar nervoso? Você vai ver o que é nervoso cara!!! Vou mandar uma bala na minha boca, vou encher esse lugar de sangue!!!! AGORA!!!!! Então nós rolamos e não tinha certeza nenhuma de quem ou o que tinha encontrado a tal bala... foi um momento bem incerto daqueles que de repente acontecem e ninguém viu, ninguém lembra e só serve pra comentar bêbado e rir. O imbecil suicida que estava na minha frente jazia no sofá, os olhos esbugalhados, antes tivesse se acertado mesmo, pensei que foi uma puta de uma besteira ter impedido aquele demente mas sendo eu um ser humano um tanto apático eu não queria me esforçar e ter que achar outro amigo tão dado a extremos. - Você é um grande imbecil, demente e filho de uma puta!!!!! E se eu tivesse me acertado?!!! Seu grande merda!!! Bosta!!! Caralho!!! - Cala essa boca Tristan!!! Agora eu vou te matar e me matar depois!!! - Você é

Desabafo

Eu falo muito, mas tem coisas que eu não sei dizer. Nem escrever às vezes. Tem certas palavras que inevitavelmente se fazem escrever, outras me fazem oscilar e destroçado o racional eu procuro sem ver. Eu não vejo o poste, os carros, só o vento nos cabelos... rua abaixo predomina a respiração e a decomposição dos meus sentidos. Eu, rua abaixo não sinto o Sol, submerso na cinza, sou tragado a cada sentimento, impossibilidade, pensamento, prisão... Apesar de desconcertada a liberdade passa risonha, voando sob minha cabeça abraçada a uma bola de canhão. A minha cabeça emergida de um peito cujo chão exaurido faz sentir o contrato da saudade com a dor. Ah! Mas eu? Eu nada! Nem tão pouco tudo isso, pois tudo isso são palavras. Eu sou só uma dor, andando sórdido e lento. Entorpecido pelo tempo venho medido pelo passado. Eu, cortado fundo, amado ralo... Eu nem nada, nem sopro, nem poesia, nem palavra.

É Pra Bater Porra!!!

A Dona ali do apartamento em frente ao do Fausto era uma dona com curvas, muitas curvas... e eram todas bem feitas. Uma pêra bonita, vistosa, vistosíssima. - Fala a verdade Fausto... Porque você deixou essa Dona da frente sem as suas digitais? - Ela é conhecida da minha mulher Tristan cabeça oca... trocam receitas e coisinhas, enfim... sabe como é, eu posso procurar coisas mais discretas e distantes por aí. - É mas pelo jeito só a Leila é que tem feito as receitas, você devia costurar a boca da sua mulher. - Viu só amor!!! O Tristan também acha que você tá gorda!!! Ouvimos apenas um foda-se vindo da cozinha junto com o cheiro de gordura. - Alguém quer pastel? - O amor... você não tá gorda não, viu? O pastel tá uma delícia! - A receita é da vizinha, ai ela é um amorzinho. Eu estou com um pote dela. Tristan, você não me faria esse favorzinho quando estivesse indo embora? - Levar pra dona com corpo de pêra ali da frente? - Sim. Notei um certo nojo, ou sei lá o que no sim da Leila. Uma coi

Perdido

Carolina...eu vi, eu vi e não quis nem falar, nem chorar, nem mover uma palha e nem te dei um sorriso. Ouvi o sabiá. Não lhe sorri também. Rias tu e ele cantava. Quero que cortem tua boca voluptuosa fora, e que teus cabelos negros e brilhantes caiam todos, quero que emudeçam a tua voz que derreteu meu coração, quero que te cortem o seio, a púbis... Quanto egoísmo da tua parte Carolina! Posto que felicidade é um egoísmo a tua felicidade sem mim é só minha amarga tristeza, o meu ocre não ser... O sabiá cantava meu canto mudo... A proximidade que ele esteve de ti me causa inveja, o teu riso sem mim causa-me dor. Carolina, depois que tu perdeu-te de mim... depois que eu te perdi ... perco-te todas as noites e todas as manhãs, e em todos os sonhos...mas a dor é a mesma.

Triste...Tristan...Tristão

Foi a primeira coisa... pensei em me encerrar... só isso. Encerrar pode não parecer uma boa palavra... mas é melhor que nada. Eu não fazia sentido, bem como minha dor e vazio também não. Mas minha dor e meu vazio eram tão meus e tão eu que pra fazer toda essa coisa parar era só os encerrando, encerrando-me. É isso que se faz com uma coisa oca... encerra-se a coisa. Ou liberta-se a coisa. Independente de ser coragem ou covardia era o que parecia mais sensato dentro de um confuso...no entanto eu não tinha nem coragem suficiente e nem covardia suficiente. "Mas não chora não... a tua dor é só tua." Esta noite acordei no escuro e abri meus olhos cheios d'agua e então eu vi a escuridão molhada nos meus olhos. O tempo comia a noite devagar e eu não aguentava mais ficar acordado, o tempo comia tudo devargar, sem pressa nenhuma, porque é dono de si. Só havia tristeza, e tristeza nem o maior amor do mundo compartilha. Tristeza se senta e sente. E se sente sozinho, oco. E se sen

Eu e Buckowski

Quase que passei absorto pela livraria, mas entrei. O meu preciosíssimo estava lá! “Bukowski”. Entrei, perguntei o preço. Independente de quanto fosse eu só tinha 0,20 centavos. Livros são caros. Mas o do meu amado Buckowski não era tão fora dos meus olhares. A atendente disse que eu podia sentar numas cadeiras, ao lado do café, e ler o livro. Sentei e li, e ri, concordei, coloquei a mão na boca (sabe como?), e quis quebrar coisas, quis ser um desgraçado, foder, tomar uma cerveja, um cigarro, ri de novo...E fiquei satisfeito o dia todo. O dia todinho! No dia seguinte tomei um porre sozinho, risonho e satisfeito, e não consegui escrever.

O que dizem os campos elétricos

Pela manhã ouvi o que disseram os campos elétricos ao meu redor... Saltei ruas e não entendi o concreto apaguei pontos e pingos... rasurei desmensuravelmente as constituições... leis voaram pelo espaço e ficamos à merce das asas da justiça Comi papéis e suas letras nada mais constataram virei mesas de cabeça para baixo e já não eram mais mesas... eram pernas presas... Não! E eu direi não! Direi não milhões de vezes a essa hipocrisia que faz bico e não conhece a vida! Digo não a cultura burguesa que compra títulos e não conteúdos! Digo não a moral com suas constituições, leis, letras e mesas! Digo não aos que não experimentam as ruas frias e os corações bêbados E aos que se julgam superiores... Apenas digo: Pela manhã ouvi o que disseram os campos elétricos ao meu redor... " O normal é o desarranjo. "

Nem Um Segundo Mais Feliz

Às vezes, quando estou por aí, fico pensando... caminho bastante. Andando e pensando. Andando e cagando pensamentos inúteis e apavorados, como eu. Andando e cagando milhões de pensamentos pela rua. Quando eu estou muito livre eu fico feliz. E quando eu estou muito à vontade e feliz... meus pensamentos se derretem e ficam por aí avoados e doidos, descompassados e lentos, como eu, confuso. “Quando fico cheio de felicidade me sinto vazio e entediado”. A solidão é um ente muito agradável na minha opinião. Não é comparável com minhas sempre boas companhias porque é uma descompanhia. E é quando ando invisível por aí que percebo o que dizem as correntes elétricas que passam pelos postes... é quando ando invisível por aí que percebo o quão necessário é se fazer invisível pra ver... Eu desejaria algo estraçalhador agora, ou uma cerveja e um cigarro. Mas nem um segundo mais feliz.

Boa Vizinhança

Saí comprar uma cerveja e cigarros. Comprei cerveja, cigarros e biscoitos de aveia e mel. Era tudo que meu dinheiro poderia me proporcionar aquele dia. Entrei em casa tirei os sapatos e a camisa. Acendi o cigarro e abri a cerveja. Liguei o som. Toc toc. Abri a porta, era a vizinha. - Olá! Você é o Tristan? - Sou? - É? - É. Sou. - Você poderia abaixar o som? - Claro. Em seguida pus o som no chão. - Satisfeita? - Acho que você entendeu o que eu quis dizer. - Olha, eu não quero parecer hostil, mas diminuir o volume é uma coisa, baixar o som é outra. - Você não parece hostil, só cínico. Por favor, se você pudesse diminuir o volume. - Não posso. - Porque não? - Por que é Beethoven. O CD tinha várias músicas, terminou Beethoven e começou Ten Years After... - Agora suponho que você possa abaixar o som... - Tão pouco. Porque você está insistindo? Se eu tivesse mais uma cerveja lhe convidaria pra ouvir comigo, mas se você quiser dividir essa cerveja e ouvir comigo seria um prazer. - Eu não bebo

Ô Diva! Assim você me mata!

“Eu não posso ficar olhando, não posso ficar olhando...” Mas aquelas coxas, aquelas curvas, tudo aquilo se movendo languidamente bem em cima de mim... Como diabos eu não vou olhar!!! “Tristan, não ouça o canto da sereia Tristan!!! “Hum... ahm... ah, ah... - Vem Sereia!!! - Abre o olho Tristan...hahahahahhaha - Não posso. - Porque?! - Não, não, não Diva, não sai daí não. Juro que não é pessoal. Abri os olhos, claro que eu abriria os olhos! E claro que eu ouviria o canto da sereia. - Geme no meu ouvido, vai Diva. Sobre a Diva? Ora! A Diva era minha bonequinha de luxo. Na verdade a Diva era uma prostituta de luxo. O que muitos homens pagavam, e caro, pra ter eu tinha de graça. Além de tudo isso, quando eu ficava na merda a Diva sempre me trazia umas palavras cruzadas, cerveja e café. Ás vezes carne. - Porque você ficou um tempão com os olhos fechados? - É o seguinte Diva, quando a gente fica olhando muito, a cabeça guarda. O que a cabeça guarda ela lembra, e a lembrança de uma cabeça pode

Numa noite ...

- Olha lá Tristan! Que tal aquele? - Porque você sempre pensa em atirar coisas em cachorros? - Anda logo! Dá a garrafa! - Claro que não Joca! - Que bom senso é esse para com os cachorros agora? Vai que ele olhou pra você e pensou: “Preciso morder alguém, que tal aquele?” - Acho melhor a gente desistir da outra garrafa de uísque... você já está pensando como um cachorro. - Bobagem rapaz! - Que tal aquela? - Porra Tristan! Você fala de mim mas quer jogar uma garrafa na moça! - Que jogar garrafa o caralho! Eu quero ela. - Você quer todo mundo! - Claro que não! Eu não quero você! - Qual é “Tristanzinho”... eu tomei banho hoje. - Você vai acabar com o meu apetite desse jeito. Às vezes eu pensava que o Joca era assexuado, ele sempre pensava em uísque, livros, atirar coisas em cachorros, gritar da janela do ônibus, riscar carros, acender fósforos no asfalto enfim...um espírito lúdico muito aguçado eu diria. - Tá, e o que você vai fazer pra pegá-la? Usar o seu bom português gan

Os Vampiros

Eu nunca fui de ninguém... até hoje só fui meu. Há muitas vantagens em ser seu próprio dono. Claro que eu fiquei pasmo quando eu vi aquilo... eu sempre fico pasmo porque geralmente eu sou igual uma criança frente às coisas... fico pasmo. Fiquei umas duas horas ouvindo Beethoven. Eu sentei ali, vencido e exausto. Fiquei olhando os lábios dela ainda quentes as veias do pescoço, lindas e pulsantes, pulsando. Tristan vencido pela incessante necessidade biológica. Vencido pela urgência do prazer. Eu, sentado ali, enegrecido pelo desejo corrosivo contemplava o áspero prazer da urgência. - Que cara de bobo é essa Tristan? - Contemplando... - Você é o cara mais estranho e adorável que eu conheço. Ela disse aquilo com um sorriso malicioso e me beijou. Eu só podia era fumar mais um cigarro e me conformar com aquela escassez de sentimentos a mim proporcionada. Fiquei olhando pro corpo e pras formas e tudo que minha reles visão podia observar. Esse era o problema... ficar olhan

Nota Póstuma

Tristan, o bravo, não pôde escrever aqui porque foi morto em batalha pelo senhor da lógica canibal, porém o nobre Tristan combateu honrosamente e essas foram suas últimas palavras: “Combati o bom combate...”

Notas de Cálculo

19/08/06 E Tristan estava bem ali, 19 anos, saudável e antes daquilo feliz, antes da lógica canibal. - É função ou não é função?! Berrava o senhor da lógica canibal. Um subconjunto dos números reais... e eu nem pensei na lógica daquilo. Assim todo elemento de A tem um único correspondente em B e o término dessa frase era a conclusão de uma definição que provava que aquele bando de desenhos no quadro negro era uma função. A minha volta havia os comedores de lógica. A lógica canibal que comia a própria lógica. Era quase perfeito embora fosse perfeito. Os comedores de lógica achavam bochechas atraentes, gostavam de cálculo, odiavam o descobrir da lógica, odiavam o além da lógica. A definição... ela era importante. Derivada, função, aquelas caras de “é lógico”, e ali estava o senhor paranóico. Eu estava do lado da Alice, ela partilhava do mesmo sentimento que eu com relação aquilo tudo: o mal necessário. Realmente nós não achávamos aquilo tudo excitante. - O que é o infinito?

Notas de cálculo

22/08 Tristan ouvia o Senhor da lógica numa segunda feira de manhã. Tristan achava também que era tudo lindo, das asas das borboletas coloridas até as leptocúrticas que eram curvas relacionadas ao estudo da estatística... Tristan odeia o racionalismo puro... “Isso aqui não dá nada!” Dizia o Sr. da lógica. O infinito! Ai o infinito! E era tudo uma idéia, era toda uma idéia! Eu imaginei milhares de formas de falar filosoficamente sobre o infinito mas o comedor de lógica falou “é só uma idéia”