- Olha lá Tristan! Que tal aquele?
- Porque você sempre pensa em atirar coisas em cachorros?
- Anda logo! Dá a garrafa!
- Claro que não Joca!
- Que bom senso é esse para com os cachorros agora? Vai que ele olhou pra você e pensou: “Preciso morder alguém, que tal aquele?”
- Acho melhor a gente desistir da outra garrafa de uísque... você já está pensando como um cachorro.
- Bobagem rapaz!
- Que tal aquela?
- Porra Tristan! Você fala de mim mas quer jogar uma garrafa na moça!
- Que jogar garrafa o caralho! Eu quero ela.
- Você quer todo mundo!
- Claro que não! Eu não quero você!
- Qual é “Tristanzinho”... eu tomei banho hoje.
- Você vai acabar com o meu apetite desse jeito.
Às vezes eu pensava que o Joca era assexuado, ele sempre pensava em uísque, livros, atirar coisas em cachorros, gritar da janela do ônibus, riscar carros, acender fósforos no asfalto enfim...um espírito lúdico muito aguçado eu diria.
- Tá, e o que você vai fazer pra pegá-la? Usar o seu bom português ganho através de sopas de letrinhas? Hahahahahaha!
- Joca. Você é só um bêbado só.
- Eu consigo ela! Mesmo sendo um bêbado só!
- Faz-me rir...
- Eu tenho um!
- Beleza! Aí então veremos qual comedor de letrinhas se dá melhor.
- Você vai provar na sua honra de pegador a minha sopa de letrinhas meu caro Tristan.
Nós nos aproximamos do bar onde Ela se encontrava. Então eu ouvi nada mais nada menos que um “oi” extremamente feliz e excitado:
- Oi Joca!
- Lili!
Aí começou... conversa vai, conversa vem, conversa indo, vindo, foi e eu, “o belo” Tristan, mudo com uma garrafa na mão. Nenhuma delas falou comigo. Eu não era cabeludo, não estava esfarrapado, minha barba não estava por fazer enfim, eu não tinha aquele charme sujo do Joca. No fim da noite eu estava sozinho e o Joca com ela. “Oi Joca!” “Lili!”. Merda! No caminho de volta eu perguntei:
- Puta que pariu! Quê que você tinha hoje? Dá um pouco desse mel sujinho...
- Lembra quando eu te disse que tinha tomado banho hoje?
- Uhum. Mas o que tem a ver?
- ...era mentira.
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