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Mostrando postagens de janeiro, 2008

O pianista

Eram memórias muito claras... eu o sentia no piano. Aquela sala vazia, a Balade No. 1 de Chopin. Eu estava na janela olhando pra rua. A fumaça ia se misturando. Cada nota, cada tecla. Ele tocava sempre como se fosse a primeira e a última vez. Olhava e não podia chegar perto. Um sonho em que não se pode tocar nada. Sente-se. Vez em quanto eu olhava. As costas e a mão indo e vindo em um bocado de oitavas. Correndo em um bocado de oitavas. E de repente alegre. De repente triste, violento, calmo e às vezes nada. O que podia não ser, o que podia ter sido. Os velhos e confusos pensamentos e eu sem poder chegar perto, a música cada vez mais rápida, cheia de uma expressão rompante e magnífica. Cada tecla. Eu acordava sem pensar no que era vivo mas na vida que tinha. No sentimento que tinha. Natural. Sentir é natural. Sentir tão longe. Tanto tempo. O tempo nem é tempo. Eu mentia o tempo pra poder chegar mais perto. O sonho ia se desfazendo com o tempo, a fumaça, e uma coisa sem nenhuma dor,
No Almoço Eu estava lá, sentado, esperando alguma coisa acontecer. Havia duas horas que eu estava lá sentado esperando algo acontecer e o Joca me ligou. - Alô. - Ó Tristan!! Salve salve ser humano!! Como vai? Vamos beber hoje? - Não. - Como não? Aposto minhas calças que você estava aí, sentado no seu sofazinho florido olhando pra porta esperando algo acontecer. - Eu devo ser muito previsível então. - Claro que é, só foi imprevisível ao negar meu convite... ou não...você sempre nega primeiro e depois muda de idéia. Combinado então!! No Milk’s ás sete e alguma coisa. - Você não quer almoçar comigo? - Tristan, você é o cara mais carente no almoço que eu já vi... O Joca desligou o telefone sem nem saber se eu havia concordado ou não, o que era típico dele posto que no fim das contas eu sempre ia e também não aceitou meu convite pra almoçar. É simplesmente horrível almoçar sozinho. Posso ficar só o dia todo...mas no almoço, é muito cruel. Eu fui tomar um banho, tirar o cheiro de cerveja