Carolina...eu vi, eu vi e não quis nem falar, nem chorar, nem mover uma palha e nem te dei um sorriso. Ouvi o sabiá. Não lhe sorri também. Rias tu e ele cantava. Quero que cortem tua boca voluptuosa fora, e que teus cabelos negros e brilhantes caiam todos, quero que emudeçam a tua voz que derreteu meu coração, quero que te cortem o seio, a púbis... Quanto egoísmo da tua parte Carolina! Posto que felicidade é um egoísmo a tua felicidade sem mim é só minha amarga tristeza, o meu ocre não ser... O sabiá cantava meu canto mudo... A proximidade que ele esteve de ti me causa inveja, o teu riso sem mim causa-me dor. Carolina, depois que tu perdeu-te de mim... depois que eu te perdi ... perco-te todas as noites e todas as manhãs, e em todos os sonhos...mas a dor é a mesma.
- Então é isso? - Como assim? - Assim ora! Você simplesmente vai embora? - É. Vou. - Não vai nem me fazer nenhuma promessa? De que volta, ou que eu sou o que você sempre sonhou e tal? - Não. Veja, eu preciso ir, não é nada pessoal, mas tenho muito o que resolver. - Do quê? - O quê? - Tem que resolver? - O de sempre, trabalho, casa, filhos, enfim, o de sempre. - Hum... Entendo - Não entende não, e nem se esforce. Até. Ela partiu sem fazer nenhuma promessa.
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