Pular para o conteúdo principal

parte II

- Você é quem cria tudo isso!!! Você cria esses monstros todos na nossa história!
De novo eu não queria responder, nem falar, nem concordar, nem nada. Eu já não queria mais nada. A única coisa que eu queria era esquecer. Eu estava cansado e queria esquecer de tudo.
- Você não vai falar nada? Não seja covarde Tristan, você sempre faz isso, não é? Você incita brigas e depois nem sabe mais porque! Eu vou embora.
Eu abri a porta, continuei calado, e sabia porque. Ela foi embora. Eu pensei que realmente eu fui covarde. Mas sabia porque. Porque cansei de pensar nela e não em mim, cansei de esperar por ela e ela me dizer que não vinha mais, cansei de acreditar, falar, de me entristecer, de me decepcionar nas segundas de manhã... às vezes a vontade vai se perdendo juntamente com o encanto e vice e versa... eu não sabia o que fazer comigo, eu queria que ela ficasse. Eu e meus restolhos, meus tantos eus, ficamos sentindo o perfume dela por algum tempo, e pensei que talvez eu pudesse ligar, chamar... mas não é o meu estilo. Não gosto de obrigar as pessoas a ficarem comigo, se ela não se sentia agradável do meu lado eu já não podia fazer mais nada. Pensei nas outras, que me feriram, que eu feri, nas tantas outras que passaram e eu esqueci, tanto esqueci que já nem lembro alguns nomes, fisionomias...eu as esqueci e elas se fizeram esquecer... mas ela, eu não queria não lembrar... eu não sabia mais.Pensei também em ir embora, assim é sempre mais fácil esquecer... no fim, eu acho que é só esquecer...
O telefone tocou...
- Tristan? Tudo bem com você?
- Sim.
- A gente pode conversar?
- Você quer me conquistar de novo?
- Não Tristan, dessa vez é só uma conversa.
Eu desliguei o telefone. Se ela não sabe brincar, eu também não.

Comentários

Anônimo disse…
vc é linda.
Maria Mensch disse…
obrigada =)

Postagens mais visitadas deste blog

E era aquela velha histórinha que ele me dizia... "Você sempre acha que tem razão..." - Se eu acho que tenho razão talvez seja porque eu tenho razão. - Ou não, talvez Tristan, você seja um louco cabeça dura. E ai? Vamos lá ver o pessoal fazer um som? - Não. -Por que? - To fora dessa. Acho que quero ficar sozinho. Preciso muito de mim. - Olha lá hein... não vai ficar se acabando na punheta. - Acho que não. Eu fiquei um tempo no sofá depois que o Joca saiu. Eu me dividi em mil eus, até me achar em cada pedaço. E era assim toda vez que eu achava que estava só. Ia me procurar, e me achava, e cada pedaço era um outro eu e era tão eu como nunca. Alguns meus pedaços eram brilhantes pedaços de espelho no chão. O espelho quebrado a duas semanas ainda estava no chão e eu restolhado nele. O que você pensa quando tem que se libertar? Não pensa, senão não é livre... o pensamento é uma prisão terrível, se pensa não faz, se fizer não pense. E o que se faz quando quer esquecer? Não pensa? Es...

O Bêbado e as Pernas

Errara a mira. Limpou seu vômito na porcelana. A bebida que outrora o fez alegre e manso agora fazia mal e o enjoava. Tomado pelo atordoamento pensou em por o dedo na goela e se desalmar por um breve instante. Quisera a alma fugir daquele corpo sôfrego e bêbado. Os pés e as pernas respingados da alma saída e mal mirada lhe envergonhavam. Mas que tinha a maldita sociedade com isso? Perguntas sem respostas coesas eram seu forte. Os fortes agüentariam até o amanhecer. Mas e ele que não era forte? No seu mundo ciranda, caído na cama pensava nas calças vomitadas jogadas na lavanderia, em quantas palavras a menos poderia usar se achasse as palavras certas e nas moças com pernas exuberantes pelas quais passara um pouco antes de se desalmar. Mas que era ele? Perdedor até pra beber? Até assim, pra isso seria fraco? Tinha algo nos seus pensamentos que o preenchiam. Nem seus vícios mais cretinos arcavam com o ardor do sentimento pulsando nas veias e querendo ser sentido, explorado. No fim das con...

O Digníssimo "João"

O Digníssimo “João” Aqueles lábios carnudos. Eu sem saber o que dizer. - E então, como você está? - Acho muita gentileza sua perguntar... não sei se convém responder. Não havia nada pra responder, eu não sabia como eu estava. Eu não sabia quem eu era, algumas coisas pegam a gente pelo pé e tudo começa a ruir. As paredes da minha casa estavam pintadas agora e o ambiente parecia alegre fora o dono mórbido ali dentro. - Tudo bem, eu entendi que você não quer responder. Eu só passei pegar minhas coisas. - Leve-as... são suas mesmo. - Você não vai mudar nunca não é? - É, Tristan o bravio será sempre o mesmo. - Então acho que você sabe porque eu estou indo embora. Acendi o cigarro mais gostoso da minha vida. Eu sabia, não entendia mas sabia. Preferia que ela fosse, afinal de contas nem morava aqui. - Você nunca ficou de verdade, não tem como ir embora de verdade, ta indo embora de mim, não da minha casa. Da minha casa só eu posso ir embora. - Não vou tentar mudar ...