Pular para o conteúdo principal

Momento Eterno

Po ouvi essa poesia musicada do Yan Lemos, pensei nela como uma bela tempestade.




Perdi-me ao som do rompimento
aos olhos do fiél
fui claro e sempre taciturno
porém amei você
que isola o sentimento em falta
em sonho irreal
cresci mil anos em dez dias
tão cinzas quanto as sobras de meu som


Estranho é constatar o óbvio
lógica banal
me dá conforto e calafrios
sentir a solidão
o corpo enxarca-se de métricas
homéricas e vis
queria só mais um momento eterno com você


Desistir jamais
persistir, quem sabe?
o vento que me traz
é mesmo que me sopra
pra longe dos seus ais
pra longe deste inverno
no céu não vou entrar
a rua é o destino dos que amam e se fodem no final


um verso em pleno ar
que emana sinais de dor
eu busco saber driblar
e de frente pro sol conseguir sonhar


Até amanhã, entre depois de amanhã
busca razões e desmonta o cerco envolto num só deus
brilha entre o raso e o deserto
palpiteia o desespero e invade a pretensão


ontem eu me olhei no espelho
fiz perguntas sem respostas
respondia meu reflexo como um prego denso
me rotulam um tanto profano, 
obscuro e tenso penso 
sem me acreditar assim, 
calado assim 
esperando por um golpe seu
que está em meu lugar tendo tudo pra mudar


Penso em longos prantos filosóficos e doentios
faço parte em fazer questão
veneno, caos e confusão mental
o bem e o mal
nota mental
fragmentos de 'viva a cidade' boiam ao relento
e minto para o semelhante
eu nego o cigarro
que afunda o negro em meu pulmão
da sarjeta pra canção
que escrevi do coração


Sensação de deserto
um silêncio tentador
como um deus adormecido
pelas horas do amanhã


Yan Lemos



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Nota do Homem Ensopado e Rachado ao Meio

Aquela semana choveu, choveu tudo e mais um pouquinho. Ela chovia também, um pouco. Mas a chuva ainda era mais bela. - Quer carona no meu guarda chuva? - Não obrigada, eu trouxe o meu. - Hum, tá. Posso te acompanhar? - Como queira Tristan. - Queria andar de braços enganchados com você. Como as pessoas de antigamente. Acreditei, naquele exato momento, que ela acharia deveras singelo o meu convite comentário. Apesar da chuva torrencial nos ensopando, mesmo estando de guarda chuva, eu estava achando bonito. Eu que de tão tristonho quase nunca acho nada mais bonito que a própria tristeza, estava achando a chuva de uma singeleza incomparável. - Tristan, eu não tenho tempo nem coração pra morrer de amor e ficar me molhando com um estúpido na chuva. Voltei pra casa rachado ao meio, sem nem cacos pra juntar. Ora essa, como assim não tem coração?! E quem falou de morrer de amor?! Nunca mais tento ser amável com essas mulheres modernamente mal educadas.
Naquela noite Tristan, o triste, estava boquiaberto. Seu semblante sério, e dolorido... Senhor Deus dos desgraçados! Doía ver aquela aquele rosto triste!  - O que te abate belo Tristan? - Não sei o que dizer...  Entendi que era não só sério, porém de alta gravidade. Aquele sujeito, que tanto fala, e tanta coisa (a maioria sem sentido para os comuns), calava-se agora numa tristeza incomum, até para ele. - O que houve? - É terrível... - Caceta homem! Achei que não defecaria pela boca tão cedo novamente! Não fui assertiva no comentário... Eu era um cavalo, sem tato, sem jeito... Às vezes (raras vezes) me vinha à mente a palavra certa, mas quando as dizia sentia que essa tal história de palavras certas é sempre relativa. A tristeza incomum dele tornou-se algo maior, mais dolorido frente a minha chacota, e o que antes considerei grave, como é grave para uma criança perder numa brincadeira tola... Era de fato o que parecia, uma grave e profunda dor. - Desculpe Tristan... Eu....

O Bêbado e as Pernas

Errara a mira. Limpou seu vômito na porcelana. A bebida que outrora o fez alegre e manso agora fazia mal e o enjoava. Tomado pelo atordoamento pensou em por o dedo na goela e se desalmar por um breve instante. Quisera a alma fugir daquele corpo sôfrego e bêbado. Os pés e as pernas respingados da alma saída e mal mirada lhe envergonhavam. Mas que tinha a maldita sociedade com isso? Perguntas sem respostas coesas eram seu forte. Os fortes agüentariam até o amanhecer. Mas e ele que não era forte? No seu mundo ciranda, caído na cama pensava nas calças vomitadas jogadas na lavanderia, em quantas palavras a menos poderia usar se achasse as palavras certas e nas moças com pernas exuberantes pelas quais passara um pouco antes de se desalmar. Mas que era ele? Perdedor até pra beber? Até assim, pra isso seria fraco? Tinha algo nos seus pensamentos que o preenchiam. Nem seus vícios mais cretinos arcavam com o ardor do sentimento pulsando nas veias e querendo ser sentido, explorado. No fim das con...